O Esquadrão Suicida

                 

O tão aguardado Esquadrão Suicida, do diretor James Gunn, que estreou neste final de semana vem agradando o público em geral. Não posso negar que imaginei um filme mais escatológico, mas o material entregue é muito bom e me divertiu bastante. Ocorre que este texto não é uma crítica sobre filme, mas uma análise aos temas que o envolvem.

Em um momento que vemos o “povo” Cubano indo às ruas para manifestar-se contra o Governo atual, volta ao debate todas as questões politicas que envolvem a ilha. O timing do lançamento do longa não poderia ser melhor para aprofundar os debates sobre o papel da política estadunidense em relação a Cuba.

Logo no inicio do filme, Amanda Waller (Viola Daves), explica para o grupo de mercenários a missão do grupo. Corto Maltese, um pequeno país insular próximo à costa da América do Sul é controlado pela família Herrera há 100 anos, mas um grupo de militares, encabeçados pelo General Silvio Luna e o seu braço direito Major-General Mateu Suarez, deram um golpe militar e tomaram o poder.

Além disso, Waller explica que por mais que os Herreras tivesse um Governo cheio de excessos, eles não eram inimigos dos EUA. Ocorre que o novo governo golpistas, que é totalmente anti-estadunidense pode ser uma possível ameaça ao EUA, visto que agora tem em mãos um projeto militar ultra secreto.

Observando toda essa descrição, não fica difícil imaginar que Corto Maltese seja Cuba, os Herreras, uma representação de Fulgencio Batista e Luna e Suarez Fidel Castro e Che.

Ocorre que a trama não trabalha apenas o confronto dos EUA com Cuba, mas acaba levantando uma boa questão moral sobre até quando toleramos  mortes de civis em assuntos políticos. 

Em uma determinada cena, Pacificador (John Cena) e Luna (Juan Diego Botto) tratam da mesma temática mais apenas um é o "vilão". Quando Waller, fala para equipe que eles têm que resgatar Flag (Joel Kinnaman) que foi “capturado” pelo inimigo, o personagem de Cena fala a seguinte sentença. “Nada como um banho de sangue para começar o dia. Amo a paz do fundo do meu coração. Mato quantos homens, mulheres e crianças se for preciso pela paz.


Por mais que todos os colegas fiquem surpresos com sua fala, ninguém o recrimina. Em seguida, temos uma cena de matança que faltou aparecer  criança sendo assassinadas.

Em uma cena mais adiante, Luna fala para Arlequina (Margo Robbie), sobre a história de Jotunheim. Uma criatura que se encontra na torre e que era usada para matar inimigos políticos. Luna explica, que agora seus inimigos que vão sentir medo e que se alguém se atrever a criticar o novo presidente (no caso ele), qualquer um que seja, homes mulher ou crianças vão ser mandado para a torre para morrer.

Vamos ser sinceros. Qual a diferença entre Luna e o Pacificador? Ambos vão matar quem  quer que seja para preserva algo que acreditam. A única diferença entre eles é que enquanto o Pacificador é o agente que pratica a violência Luna é o presidente que dá ordens para agentes como o Pacificador. Ocorre que enquanto Luna é um vilão por mandar fazer, Pacificador é o "herói" que mata pela paz. 

Outro ponto chave é quando Gaius Grieves (Peter Capaldi) explica qual é a verdadeira missão do Esquadrão Suicida. Grieves acaba dando um soco de realidade tanto em Flag e Ratcather (Daniela Melchior), visto que ele diz que o Governo Estadunidense os manda a Corto Maltese não para “salvar o mundo” , mas sim, para encobrir qualquer vestido da participação dos EUA com o projeto Starro. Como o Governo não queria que qualquer experiência ocorresse em seu país, fecharam um acordo com o Governo da Ilha para que tudo ocorresse lá.

Voltando a comparar  Corto Maltese com Cuba, não é difícil comparar Jotunheim com Guantanamo, porque assim como os EUA não queriam conduzir as pesquisa na ilha, os ianques não querem tortura presos em seu solo.

Guantanamo, localizado em Cuba, é a base militar estadunidense onde tem um prisão onde presos de guerra são submetidos a maus-tratos . O motivo de escolher a prisão em Cuba é porque as leis dos EUA, não seriam aplicadas lá. Assim como no filme o Governo Norte Americano, busca na ilha um local para praticar seus abusos de poder.  

Um das coisas mais interessantes no filme é o trecho que pode passar despercebido para o grande público. Enquanto os "heróis" estão lutando contra Starro, o grupo revolucionário, liderados por Sol Soria (Alice Braga), vai para capital para tomar o poder da Ilha. No final do filme quando a impressa estadunidense está noticiando o que ocorreu em Corto Maltese, na legenda da notícia está falando que houve um "golpe" dos revolucionários.   

Mais uma vez, uma possível intenção de Gunn e ilustrar como funcional a impressa Norte Americana, na sua manipulação midiática. Por mais que Sol, esteja falando uma coisa totalmente diferente no vídeo, a legenda tendenciosa o telespectador a uma ideia que o Governo deseja que o povo tenha sobre a revolução do povo Corto-Maltenense. 


Esquadrão Suicida é um filme divertido, mas que não acrescenta em nada o cinema atual que já está infestado de herói. Entretanto, é cheio destes detalhes que nos fazem refletir sobre a politica internacional de Cuba e EUA e as hipocrisias da política Norte Americana. É importante frisar que não posso falar que essa analise que eu fiz do filme foi o que o diretor James Gunn quis para seu filme, mas que parece bem objetivo isso parece. 

Nota:8