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No mundo do video on demand (vod) não presenciamos exatamente uma disputa por audiência tão direta como no cinema quando filmes estão simultaneamente em cartaz, ou, mais acirradamente, na televisão quando programas são exibidos simultaneamente no mesmo horário.
Isto tendo em vista que o “on demand” não segue a mesma urgência de escolha e renúncia dos exemplos citados acima, uma vez que não há a imperatividade da programação da grade horária.
Por mais que há algumas pessoas que aguardam com antecipação determinados lançamentos dos streamings, assistindo produções na primeira hora em que elas são disponibilizadas nas plataformas (e em seguidas correndo para soltar spoilers no twitter), ainda não tivemos nessa nova mídia todas as experiências que eram vivenciadas, principalmente na televisão, como por exemplo o embate entre grandes produções.
Nas próximas semanas acontecerá o mais perto do que tivemos até aqui de uma disputa direta entre seriados na era dos streamings. E isso se dará por meio de bastardos de grandes fenômenos da cultura pop!
A primeira série é “A Casa do Dragão” da HBO Max, ou como aparentemente está mais conhecida “House of the Dragon”, pois não há um uniformidade nem na divulgação oficial, quanto mais nos sites brasileiros.
Trata-se de um spin-off que contará uma história prequel da última grande série fenômeno da televisão: “Game of Thrones”, com foco na Casa Targaryen, adaptando o livro “Fogo & Sangue”.
Vai ser uma grande teste de fogo para a HBO, uma vez que, apesar de massiva audiência, a série original não agradou muito em sua reta final, quando ultrapassou as publicações do autor de George R.R. Martin (que depois disso ainda não avançou na série literária).
Apesar da expectativa da série impulsionar o streaming, ela não deixará de ser exibida no canal de TV, estreando em ambas plataformas no dia 21 de agosto, sucedendo Westworld no principal horário da emissora ás 22 horas do domingo.
“O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder” é a grande aposta da Amazon Prime Vídeo, com orçamento estipulado em quase US$ 500 milhões só para a primeira temporada, o mais caro da história. Só para ter um ideia, “Game of Thrones” da HBO teve custo médio de US$ 100 milhões por ano.
Tal como “House of the Dragon” o seriado da Amazon também tenta pegar carona em um fenômeno popular oriundo de uma série literária de fantasia medieval, neste caso do escritor J. R. R. Tolkien. Por meio de uma história prequel da qual assistimos nos cinemas. E que também tentará afastar uma última impressão amarga do público, pois a última incursão na Terra Média com superesticada trilogia “O Hobbit” não teve uma boa recepção do público.
Apesar de tentar colar a imagem no aclamada trilogia cinematográfica recordista de Oscars e público “O Senhor dos Anéis” de Peter Jackson, a produção do seriado não tem vinculo com a produção que trabalhou filmes.
Estamos diante do famoso “copia mais não faz igual”, tentando transmitir uma sensação de familiaridade com os filmes. Com ares de spin-off. Por exemplo, também foram filmar na Nova Zelândia e contratou efeitos visuais da Weta Digital.
A série estreia dia 2 de setembro.
O ultimo filho bastardo é “Andor” da Disney Plus. Ela é uma série spin-off de um filme spin-off “Rogue One” da Saga, originalmente cinematográfica, e também fenômeno pop: Star Wars.
E também é um prequel do prequel, pois se “Rogue One” é quase um episódio 3.9, ao mostrar acontecimentos imediatamente anteriores ao Guerra nas Estrelas original (Star Wars: Episódio 4 - Uma Nova Esperança), o seriado promete dar mais um passo para trás na cronologia da saga, mostrando a formação da Sociedade do Anel Aliança Rebelde.
A série foi uma das primeiras anunciadas logo no inicio do Disney Plus, e como só está esteando agora, por conseguinte teve o maior tempo de produção. Ela tem tudo para ser a série de Star Wars com mais apuro e valor de cinematografia, pois retorna com participação de muitos envolvidos na produção do filme Rogue One (diga-se de passagem, a melhor coisa de Star Wars feita sob a Disney).
“Andor” tem ótimas credenciais para gerar uma grande expectativa. E mesmo que outras séries tenham resgatados personagens icônicos da franquia, nenhuma delas prometia uma expansão significativa no universo Star Wars e se aprofundar no cânone. Pois, isso não se dá meramente apresentando novos robôs, novas espécies alienígenas, novas naves, novas armaduras de soldados ou novos planetas, em histórias fillers (de mero enchimento).
Contudo, se as supracitadas fantasias medievais deixaram uma ultima impressão negativa no público. A fantasia espacial vem deixando um retrogosto muito pior no paladar da audiência. Com exceção do próprio “Rogue One” e “Mandalorian” a volumosa e recente produção de Star Wars está abaixo da crítica, como a trilogia nova de filmes, “Solo” e séries recentíssimas como “O Livro de Boba Fett” e “Obi-Wan Kenobi” (sem contar a também curva descendente de qualidade das produções da Marvel). Tudo isso faz com que as expectativas para a próxima série seja muito frias e baixas.
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mudança de planos: de 31 de agosto para 21 de setembro |
Principalmente entre “House of the Dragon” e “Senhor dos Anéis” a comparação vai ser inevitável, tanto por correrem juntas, quanto por compartilharem inúmeras similaridades por estarem no mesmo gênero. E vamos ver se a tática da Disney de fugir nos últimos rounds vai se provar acertada.
Sendo assim, estamos diante do que pode ser o primeiro grande embate de séries nos streamings. Ao contrário da era de ouro da TV, o vencedor não se dará pela simples medição da audiência, como os mais velhos diriam: pelo IBOPE. Até porque, com dito no início no “on demand” escolher por um não significa abdicar do outro. Mas, são as novas métricas que definirão o pódio. Haverá uma que repercutirá mais nas redes sociais, uma que proporcionará mais memes e tiktoks, uma que vai gerar mais videos no youtube para explicar o que ninguém pediu para ser explicado.
Ou não, todas as séries podem decepcionar, ou como diria os mais jovens: flopar.
Enquanto isso, a Netflix continua impávida no seu modelo de lançar todas suas séries por inteiro para que seu publico maratone. Sandman talvez fosse a série recente dela com um maior potencial de ser um big hit, mas nem parece que houve a menor cogitação de lançar seus episódios semanalmente e procurar um apuro de produção e tratamento.