
Em "A Bela América", somos apresentados a Lucas, um humilde cozinheiro de marmitas que acabou de ser despejado de casa e, por conseguinte, foi obrigado a se mudar para uma habitação precária com sua mãe.
Ele vê uma oportunidade de denunciar sua situação para América, uma mulher notável, bonita, carismática e também candidata a Presidente.
América vai até a nova casa de Lucas e o entrevista em uma gravação para sua campanha eleitoral.
Lucas fica fascinado por América e empenhado em impressioná-la, passa a invadir a casa dela para sorrateiramente preparar-lhe jantares sofisticados, porém com ingredientes acessíveis ao pobre cozinheiro.
Assim, América se deixa levar pelo prazer dessas refeições, enquanto Lucas a observa à distância.

"A Bela América" é uma tragicomédia que explora as realidades tão distintas dos personagens principais para comentar temas como desigualdade, estratificação e mobilidade social, meritocracia e empreendedorismo, populismo político e tensões familiares.
Contudo, o filme não desempenha o que se propõe com tanta desenvoltura. Não chega a ser, por exemplo, um "Parasita" (2019) que navega em muitos desses tópicos sem precisar anunciá-los explicitamente ao espectador.
Ele se assemelha mais a algo como "O Poço" (2019), que, por mais que utilize metáforas e alegorias, possui uma mensagem direta e transmitida de maneira expositiva. E de certa forma, tem alguma teatralidade, com resquícios da Commedia Dell’arte e seus personagens estereotipados.
Portanto, "A Bela América" é mais uma produção internacional que retrata o mal-estar com o atual estado das coisas em meio à escalada da concentração de renda e os consequentes sintomas sociais, mas desta vez sob uma abordagem portuguesa.
"A Bela América" está em exibição nos cinemas.