A Última Vez que Fomos Crianças | Crítica

Em "A Última Vez que Fomos Crianças" somos transportados para Roma de 1943, quando quatro crianças de diferentes origens familiares desenvolvem uma inocente amizade em plena Segunda Guerra Mundial.

Italo é filho de um líder militar fascista, Riccardo é de uma família judia, Cosimo é filho de pais "comunistas subversivos" executados pelo regime Mussolini, e Vanda é uma menina órfã que já perdeu as esperanças de ser adotada.

Quando Riccardo e sua família são deportados para um campo de concentração na Alemanha, os três amigos restantes embarcam em uma missão para resgatá-lo, percorrendo uma Itália devastada.

Ao mesmo tempo, Agnese, uma Irmã do convento que cuida de Vanda, e Vittorio, um jovem herói de guerra ferido e irmão de Italo, partem atrás das crianças.

As crianças estão aurora de suas vidas e não entendem o que está acontecendo. Brincam de guerra quando os bombardeios se aproximam e repetem o que os adultos falam sem compreender o que realmente está acontecendo.

Assim elas partem em uma jornada pela linha de trem como se pudessem chegar a pé à Alemanha e a qualquer momento salvar seu amigo.

Enquanto o filme apresenta, sob uma perspectiva lúdica de seus pequenos protagonistas, um vislumbre do impacto da guerra, bem como as sequelas que um regime fascista trouxe para a Itália.

Abordagem que lembra produções como "A Vida é Bela" (1997) e "Jojo Rabbit" (2019). Enquanto a jornada pela estrada de ferro remete a "Conta Comigo" (1986), embora este se trate de um "coming of age" adolescente.

"A Última Vez que Fomos Crianças", portanto, trabalha o contraste entre a pureza das crianças e os horrores da guerra, sendo que nesse grande teatro infantil, enquanto se brinca, as atrocidades ficam atrás das cortinas. Quando elas se abrem, a inocência é perdida.

"A Última Vez que Fomos Crianças" está em exibição no Festival de Cinema Italiano 2023.