Anne com um E | Crítica da primeira temporada.

    Olá, pessoal que sempre pergunta: "Tem na Netflix?" Estou de férias, mas não do Plot Twist. Aproveitei para assistir a uma série que despertou minha curiosidade desde que vi uma publicação no Facebook. Então, senta que lá vem crítica sobre uma produção incrível, que vocês já sabem qual é, porque tem uma foto no início do post.

Anne com E: Muito além de um drama de época

    Anne com E (Anne with an E) é baseado em um livro de 1908, escrito por Lucy Maud Montgomery, que, segundo a pesquisa da equipe do Weekcast, já recebeu algumas adaptações. Agora, foi a vez da Netflix colocar seu selo na produção canadense da CBS e disponibilizá-la mundialmente em seu catálogo.

    Na série, conhecemos Anne, com ênfase no "E" (Amybeth McNulty), uma órfã que trabalha como empregada doméstica para sobreviver. Em contrapartida, há os irmãos Marilla e Matthew Cuthbert, que decidem adotar um menino para ajudar Matthew na colheita. No entanto, no dia da adoção, em vez do esperado garoto, Matthew encontra uma menina: Anne.

    A princípio, Anne com E pode parecer apenas mais um drama de época voltado ao público feminino. No entanto, essa visão superficial ignora a riqueza da narrativa. A série mergulha em questões sociais importantes, como identidade, desigualdade de gênero e aceitação. Anne, por exemplo, cresce ouvindo críticas sobre seus cabelos ruivos e sardas, o que a leva a rejeitar sua aparência e desejar ser outra pessoa. Sua jornada é um retrato sensível da construção da autoestima e da luta por espaço em uma sociedade que insiste em impor padrões.


A estética da série: fotografia como narrativa

    Um dos grandes méritos da produção é sua fotografia deslumbrante. Com uma paleta de cores suaves e quentes, a série cria uma atmosfera nostálgica e reconfortante, transportando o espectador para a natureza bucólica da Ilha do Príncipe Eduardo. As tomadas abertas ressaltam a vastidão dos campos e o isolamento de Anne, reforçando visualmente sua sensação de deslocamento. Além disso, a iluminação natural e os tons pastéis contribuem para um tom poético, que enfatiza tanto a inocência da protagonista quanto a dureza do mundo ao seu redor.

    Outro aspecto interessante é o uso da câmera para transmitir a subjetividade de Anne. Em momentos de imaginação ou epifania, o foco se ajusta, e as cenas ganham uma fluidez quase onírica. Esse cuidado visual não só enriquece a estética da série, mas também fortalece a conexão emocional do público com a personagem.

Uma história atemporal 

    Além de sua beleza visual e narrativa cativante, Anne com E se mostra extremamente relevante para os dias atuais. Em um período onde a luta por igualdade de gênero ganha cada vez mais visibilidade, a série se destaca ao apresentar uma protagonista forte, determinada e visionária. Anne não se conforma com as limitações impostas às mulheres de sua época e desafia normas com sua inteligência e imaginação.

    Mesmo com sua doçura e romantismo, a série não deixa de abordar temas densos e necessários, como bullying, preconceito e desigualdade. Seu impacto vai muito além do entretenimento, servindo como inspiração para meninas e mulheres que ainda enfrentam desafios semelhantes aos de Anne.

"Grandes palavras são necessárias para expressar grandes ideias."

Se você busca uma série sensível, visualmente encantadora e cheia de questionamentos sociais, Anne com E é uma escolha imperdível. As duas temporadas já estão disponíveis na Netflix – e, depois de assistir, fica difícil não querer mais!