Men: Faces do Medo | Crítica

Em "Men - Faces do Medo", do diretor Alex Garland (Ex_Machina), acompanhamos a história de Harper (Jessie Buckley), uma mulher que após passar por um grande trauma pessoal, decide se isolar em uma casa de campo no interior da Inglaterra. Contudo, o que ela não esperava era que o local iria lhe trazer ainda mais tormentos.

Garland não perde tempo e logo de início já diz para que veio. Harper ao chegar no seu retiro, vai explorar o jardim da casa, se depara com uma macieira e sem pensar duas vezes come uma de suas maçãs. É neste momento que percebemos que ela cometeu o pecado original e a partir de então pagará por isso.

Um dos maiores destaques do filme é a atuação do ator Rory Kinnear. Inicialmente irreconhecível, o ator interpreta todos os homens da cidade onde Harper está passando seu exílio. Do dono da casa alugada, do policial ao padre, até um misterioso homem nu que aparece nos arredores do terreno (referência a Adão).

Todos essas figuras masculinas exercem uma tipo de agressão contra a protagonista. Demonstrando que a opressão contra a mulher começou logo após ela comer o fruto proibido, ou seja, desde a gênesis do mundo, conforme as religiões abraâmicas. Devendo ela pagar com sofrimento por ter condenado todos os homens com seu ato pecaminoso.

Dessa forma, o filme se torna uma grande alegoria sobre violência contra a mulher. Nesse sentido, o diretor trabalha muito bem, não apenas o tema, mas a utilização dos símbolos para ilustrar essas situações. 

Por exemplo, quando em um determinado momento da história, Harper vai a igreja e encontra o padre. O que era para ser um momento de consolo, se torna na verdade um julgamento por parte do pároco. Expondo assim, umas das varias faces da violência que uma mulher pode receber da sociedade.

A opção por um mesmo ator para interpretar todos os homens, serve para mostrar que todos podem vestir a carapuça do agressor, e, ao mesmo tempo, que esta figura não se encontra somente em um determinado tipo masculino.

Mas nem tudo são flores. No final do ultimo ato o diretor abusa do simbolismo, e não apenas isso, fecha o filme com um pouco inspirado final em aberto, deixando para o espectador a interpretação que melhor julgar.

Trata-se de um bom filme, com ótimas atuações de Jessie Buckley e Rory Kinnear. O diretor Alex Garland também conduz a trama com muita competência, mas como mencionado, escorrega no final.

Men: Faces do Medo é uma boa alegoria sobre o papel da mulher na sociedade patriarcal. Não é, por exemplo, como Mãe (2017) do Darren Aronofsky, mas cumpre bem o seu papel na hora de passar a mensagem que propôs transmitir.

Nota: 7