Os Rejeitados | Crítica

Existem filmes sem apelo comercial que, infelizmente, passam despercebidos no grande circuito. Entretanto, alguns deles acabam ganhando destaque devido à temporada de premiações. Um exemplo disso é "Os Rejeitados", o mais recente trabalho do diretor Alexander Payne, que acaba de ser premiado no Globo de Ouro pelas atuações de Paul Giamatti e Da’Vine Joy Randolph.

Na trama, acompanhamos o professor Paul Hunham (Paul Giamatti), um típico docente apaixonado pelo que faz, porém que nutre uma fama de rigoroso que o torna a pessoa menos querida da Barton Academy.

Durante o período de festas no final de ano, ele fica responsável pelos alunos que permanecem no campus da instituição, que opera em regime de internato. Entretanto, neste ano, apenas o jovem Angus Tully (Dominic Sessa) permaneceu na escola, e os dois aos poucos vão descobrindo mais sobre o outro.

Quando Angus descobre que vai ter que passar as férias com o "terrível" Sr. Hunham, inicia-se uma contagem de dias, como na caricatura de um preso esperando pelo fim de sua pena. Mas, a partir de um determinado momento, tal contagem é ignorada, demonstrando que a situação deixa de ser um martírio para o jovem.

Além deles, somos apresentados a Mary (Da’Vine Joy Randolph), a cozinheira do colégio que está passando pelo luto de ter perdido seu único filho na Guerra do Vietnã. E aqui percebemos como o roteiro é sagaz, pois, sem precisar ser explícito, consegue expor alguns dos problemas que o povo negro enfrenta nos Estados Unidos.

Em uma determinada cena, Mary explica que nem o marido e filho chegaram aos vinte e cinco anos e que, mesmo tendo boas notas, o rapaz não conseguiria ir para a faculdade. E que, pelo alistamento militar, ele almejava ingressar em uma faculdade de forma gratuita, por meio de um programa que beneficia soldados veteranos.

Esta situação vai contrastar com o fato de Mary e Hunham trabalharem em um colégio para jovens de uma elite privilegiada.

A trama não é inovadora; ela aborda temáticas semelhantes que já foram vistas em filmes como "Perfume de Mulher" e "Código de Honra", seja na relação entre professor e aluno, seja nos códigos de ética e disciplina estabelecidos por rígidas instituições de ensino.

O trunfo de "Os Rejeitados" está na forma ágil e dinâmica como a história é conduzida, visto que somos apresentados a três personagens de backgrounds distintos.

Outro destaque fica para a fotografia do longa, com movimentos de câmera muito característicos de filmes e séries dos anos 70. Além disso, com o clima invernal durante as festividades de final de ano, existem momentos que a estética lembra muito um especial de Natal da Turma do Charlie Brown/Peanuts.

Sem sombra de dúvidas, "Os Rejeitados" será um filme a se destacar nas listas de melhores filmes de Natal.

Nota: 8,5

"Os Rejeitados" estreia dia 11 de janeiro nos cinemas.