Quarteto Fantástico | Crítica com Spoilers

Quarteto Fantástico | Marvel aposta no retrofuturismo para reviver a super-equipe nos cinemas

Ignorando o obscuro filme dos anos 90, o Quarteto Fantástico — grupo criado originalmente para rivalizar com a Liga da Justiça — já teve três incursões cinematográficas: os dois longas da era Fox (2005 e 2007) e o polêmico reboot de 2015. Embora os filmes estrelados por Jessica Alba e Ioan Gruffudd tenham conquistado uma simpatia nostálgica com o tempo, há um consenso entre fãs e críticos: o grupo ainda não teve uma representação à altura nas telonas.

Agora, passados dez anos desde sua última aparição, Sr. Fantástico, Mulher Invisível, Tocha Humana e o Coisa retornam sob o guarda-chuva da Marvel Studios — em uma aventura com estética retrofuturista, apostando não apenas na revitalização da equipe, mas na reconstrução de parte do próprio MCU, que cambaleia desde o fim da Saga do Infinito.

A origem clássica, mas com nova roupagem


    Na trama, acompanhamos um grupo de astronautas atingidos por uma tempestade de raios cósmicos durante um voo experimental. O retorno à Terra marca o início de uma nova fase: Reed Richards descobre que pode esticar seu corpo; Susan Storm, sua noiva, desenvolve o poder da invisibilidade; seu irmão, Johnny, manipula o fogo e ganha a habilidade de voar; já Ben Grimm é transformado em uma criatura rochosa com força sobre-humana.

O filme preserva a essência da origem do grupo, mas com um estilo visual que mistura ficção científica, design retrô dos anos 60 e estética futurista — algo que evoca tanto "Os Incríveis" quanto produções de época da Era de Prata dos quadrinhos.

O peso da responsabilidade logo no primeiro passo


    Assim como
Superman (2025), o novo Quarteto Fantástico carrega o fardo de ser o filme que “vai consertar tudo”. E isso, por si só, já coloca a produção em desvantagem. Após duas produções medianas anunciadas para 2025 (Thunderbolts e Capitão América: Admirável Mundo Novo), o público que ainda carrega um apego emocional à antiga saga do Infinito passa a ver qualquer novo filme com desconfiança — e, muitas vezes, expectativa fora da realidade.

Além disso, o longa precisa lidar com a sombra dos próprios antecessores. A internet já começa a "reabilitar" os filmes da Fox — algo típico das redes sociais, que adoram redescobrir clássicos problemáticos com um verniz de nostalgia.

Um filme morno com vilão quente demais


    Dito isso:
Quarteto Fantástico da Marvel é um bom filme? A resposta, infelizmente, é que ele é morno.

A decisão de começar a franquia com um vilão do calibre de Galactus soa precipitada. A equipe ainda está se formando, e já enfrentam uma ameaça cósmica de proporções épicas? Isso torna qualquer inimigo futuro — como o esperado confronto com o Doutor Destino — quase irrelevante em comparação. Pior: esgota a curva de ascensão da equipe logo de cara.

Outro problema é a falta de perspectiva para uma continuação solo. Tudo indica que o foco da Marvel está em amarrar esse filme ao futuro do MCU, especialmente a Avengers: Doomsday. Isso enfraquece o roteiro, que parece menos interessado em desenvolver a história do grupo e mais preocupado em plantar sementes para o próximo grande evento. A inclusão apressada do filho de Reed e Sue serve mais como gatilho emocional e peça de enredo para os Vingadores do que como desenvolvimento orgânico da trama.

Um filme a serviço de um universo — e não de si mesmo


Quarteto Fantástico
sofre da mesma síndrome de muitos filmes recentes do MCU: não é um filme sobre si mesmo, mas um filme feito para conectar pontos maiores. Saudades da época em que os longas se preocupavam em contar boas histórias fechadas — com começo, meio e fim — sem parecer apenas um trailer disfarçado para o próximo capítulo.

 Conclusão

O novo Quarteto Fantástico tem estilo, bons momentos e até acertos no tom, mas falha no essencial: criar uma identidade própria e se firmar como ponto de partida real para a equipe mais importante da Marvel. É o início de algo? Sim. Mas ainda parece mais um “episódio especial” do MCU do que um filme marcante por si só