Predador: Terras Selvagens | Pradador

    Sob o comando da Disney estreou nos cinemas o novo filme da série Predador. O longa é uma nova aventura que, em teoria, exige que o espectador conheça mais do universo Alien do que da própria franquia Predador, iniciada em 1987 com Arnold Schwarzenegger. Ao longo dos anos, a série contou com cinco filmes, além da animação recente Predador: Assassino de Assassinos, e dois crossovers com Alien.

    A nova produção, Predador: Terras Selvagens, é o sexto filme da franquia. O objetivo não é apenas iniciar uma nova aventura, mas também conectar de forma mais clara o universo do Predador ao de Alien, com a presença da empresa Weyland-Yutani como um dos antagonistas. A trama se passa em um futuro distante, em um planeta remoto, onde um jovem Predador, excluído de seu clã, encontra uma aliada improvável chamada Thia. Juntos, enfrentam perigos e desafios mortais em busca do adversário definitivo. O filme mistura ação, suspense, ficção científica e pitadas de humor, explorando a luta pela sobrevivência e o confronto entre espécies em um ambiente hostil.

    Um dos aspectos mais interessantes de Predador: Terras Selvagens é colocar um freio na crítica dirigida a Prey (2022). Muitos reclamaram que Naru (Amber Midthunder) derrotou o grande caçador das galáxias, o que seria “inverossímil”. A nova produção aprofunda a cultura dos Yautja, a raça dos Predadores. Eles funcionam quase como guerreiros espartano da galáxia, aceitando apenas os mais fortes no clã e eliminando os fracos. Essa questão é importante porque desmistifica a ideia de que todo Yautja é invencível: ele é apenas um entre muitos, e sua força é relativa. O filme mostra isso de forma sutil quando Dek, considerado fraco, salva o irmão tido como mais capacitado.

    Mas Predador: Terras Selvagens vai além da ação. O longa sugere reflexões sobre o valor individual e a tendência da sociedade em descartar quem considera inútil. Isso é visto tanto em Dek quanto em Thia. Tanto o clã de Dek quanto a Weyland-Yutani demonstram o mesmo impulso: eliminar qualquer um que falhe. Mas os dois provam seu valor. A mensagem é clara — todos têm habilidades, e talento pode ir além do que a sociedade cobra ou reconhece.

    Dan Trachtenberg, responsável por recolocar a franquia nos trilhos com Prey, entrega aqui um bom filme de ação e ficção científica, com toques de humor. Esse tom mais leve pode incomodar os fãs mais puristas, que acreditam que a única forma “correta” de Predador é a do longa de 1987. Ainda assim, o diretor oferece boas sequências de luta — sem reinventar o gênero, mas com energia e clareza — e desafios ambientais interessantes. O planeta Genna é um ecossistema hostil, vivo de forma quase consciente, reagindo às ameaças externas.

    O design desse planeta é um dos pontos altos: grama cortante como vidro, criaturas explosivas e plantas que disparam dardos compõem um cenário criativo e perigoso. Genna é um personagem à parte dentro da narrativa.

    Predador: Terras Selvagens não é apenas um bom filme, mas um passo promissor para consolidar a ponte entre as franquias Alien e Predador. A direção de Trachtenberg demonstra ter um plano para unir esses dois monstros da ficção científica, e o filme ainda deixa espaço para que essa nova geração de personagens funcione quase como uma versão “Guardiões da Galáxia” desse universo. Tudo indica que a grande vilã das próximas aventuras será a Weyland-Yutani — e quem sabe o xenomorfo não acabe se juntando a essa equipe.