A notícia da semana é a onda de cancelamentos no cinema e nas séries pela empresa da caixa d’água. Esse movimento não se restringiu às produções, chegando também ao HBO Max. Há rumores de que a nova administração possa encerrar o serviço de streaming, o que vejo como algo positivo, esperando que a iniciativa da Warner inspire outros estúdios com plataformas de filmes a repensarem suas estratégias.
Como afirmou meu amigo Ken-oh em uma conversa sobre o assunto, "antes existia um ecossistema equilibrado." Ele está coberto de razão. Quando a Netflix dominava o mercado sozinha, não precisava se preocupar em produzir um conteúdo original após o outro, pois adquiria os direitos de exibição de terceiros. Isso permitia à plataforma oferecer uma variedade de conteúdos de diversos estúdios e dedicar-se à produção de seus próprios filmes e séries em menor escala, priorizando a qualidade.
Entretanto, quando grandes estúdios como Disney (Marvel, Fox, e Disney), Warner, e Paramount decidiram criar seus próprios serviços de streaming, esse "ecossistema" perfeito entrou em colapso. Com a entrada dessas empresas no mercado, a Netflix viu sua fonte de conteúdo diminuir, ganhando concorrentes de peso. Isso a obrigou a aumentar sua produção de filmes e séries, competindo com profissionais experientes e estabelecidos na indústria.
Com a concorrência especializada, a Netflix teve que acelerar sua produção, pois Warner, Disney e outros retiraram conteúdos premium da plataforma para seus próprios serviços.
Contudo, o "ecossistema perfeito" não ruiu apenas para a Netflix; trouxe desafios também para os gigantes. Ao lançar seu serviço, a Disney enfrenta uma desvantagem devido ao seu nome. A marca, que limita alguns conteúdos, faz do Disney Plus um serviço de nicho, sustentado principalmente por produtos da Marvel e Star Wars, que, embora populares, são em sua maioria medianos.
Streamings como Paramount Plus enfrentam dificuldades semelhantes, sem conteúdos "premium" que atraiam o grande público. A empresa investe em produções, mas não obtém retorno em novos assinantes.
E quanto à Warner e seu HBO Max? Atualmente, considero-o o melhor serviço, pois atende às minhas necessidades, mas reconheço que essa é uma opinião pessoal. Com a fusão recente com a Discovery, parece que a nova gestão busca economizar, cortando custos, o que levanta a possibilidade de o HBO Max sofrer grandes mudanças. Prefiro ver isso como uma reformulação, em vez de um fim.
Por que penso assim? Vamos lá. A partir de agora, minha análise é especulativa.
Acredito que, para os estúdios, é mais rentável voltar ao modelo antigo, vendendo licenças para a Netflix e garantindo um lucro possível. Ao entrarem no mercado de streaming, os ganhos não são tão fáceis quanto as despesas. As assinaturas não cobrem nem os salários do elenco de uma série premium, enquanto a venda de licenças gera receita. A Netflix pagou cerca de 100 milhões de dólares para ter "Friends" em seu catálogo. A produção cancelada de "Batgirl" custou 90 milhões. "Seinfeld" fez a gigante desembolsar 500 milhões para seus direitos, valor elevado também pelo interesse de outros serviços como Amazon, Hulu, CBS All Access e HBO Max.
Portanto, acredito que manter um streaming é mais custoso do que ceder direitos ou firmar parcerias. Mais uma vez, ressalto que a "morte" do HBO Max seria na verdade uma reformulação promovida pela nova administração. No entanto, seria positivo se isso sinalizasse o início de um movimento para que Disney, Paramount e outros também reconsiderassem suas estratégias e voltassem ao modelo anterior.
Pode parecer implicância, mas a abundância de produtos no mercado tende a prejudicar a qualidade. Um exemplo disso é a "qualidade" atual da Netflix, que precisou aumentar sua produção. Além disso, é provável que as empresas busquem formas de aumentar seus lucros, como cobrar pelo compartilhamento de senhas e introduzir comerciais.
É importante lembrar que as empresas não fazem caridade; tudo é sobre dinheiro. Produtos têm a "obrigação" de gerar lucro, e o que não gera é descartado.