João Pedro Zappa cresceu ouvindo Raul Seixas. Aos oito anos, já era fã das letras que hoje diz conhecer por dentro, e agora terá a chance de revivê-las de um novo lugar: o da atuação. No dia 26 de junho, estreia no Globoplay a minissérie Raul Seixas: Eu Sou, e Zappa interpreta ninguém menos que Paulo Coelho, parceiro criativo de Raul em canções como “Gita” e “Sociedade Alternativa”.
“Interpretar o Paulo é, de certa forma, interpretar aquele cara que ajudou a escrever as músicas que moldaram meu pensamento crítico”, comenta o ator. O que era influência virou personagem. E a homenagem — inevitável — se transforma em trabalho de entrega.
imagem de João Pedro Zappa Créditos: Philipp LavraA minissérie, dirigida por Paulo e Pedro Morelli, terá oito episódios e se junta a uma trajetória de interpretações biográficas de Zappa, que já viveu Gabriel Buchmann (Gabriel e a Montanha) e Santos Dumont (na série homônima da HBO). Com sete protagonistas no cinema, ele soma prêmios em festivais nacionais e internacionais, incluindo Vitória e Cannes, e elogios de publicações como Variety e Cahiers du Cinéma.
Entre seus próximos projetos estão os longas Todos os dias em que sou estrangeiro (Eduardo Morotó) e Pele de Rinoceronte (Marcelo Ludwig Maia), além da série Camila Baker, de Emílio Boechat. Fora das telas, ele continua circulando com o monólogo Aqueles que deixam Omelas, inspirado no conto de Ursula K. Le Guin, que apresenta um viajante solitário contando a história de uma cidade utópica que carrega um segredo incômodo. A nova temporada está sendo negociada.
Zappa é daqueles atores que não cabem numa ficha curta. Começou cedo no teatro — ainda no Tablado, no início dos anos 2000 — e já passou por novelas, séries, filmes, peças premiadas e roteiros autorais. Entre cinema, TV e palco, sua carreira parece seguir a mesma trilha das canções que tanto admira: mistura pensamento, provocação e uma certa dose de rebeldia.
E agora, com Raul como pano de fundo, ele incorpora o parceiro da filosofia libertária, da magia e da contracultura. Um Paulo Coelho antes dos best-sellers, mas já cheio de ideias. Uma figura que, nas mãos de Zappa, promete ir além da caricatura — e tocar, mais uma vez, quem ainda escuta Raul não só com os ouvidos, mas com a cabeça.