Dizem que essa foto contem spoilers pesados...
Vingadores, Guerra Infinita, Marvel e a Mediocridade Divertida
Foram
10 anos até aqui, e o segredo do sucesso do estúdio nos cinemas é tão simples
quanto receita de gelo. Muitos acreditam que a fidelidade ao material original
é o ponto forte em relação a sua principal concorrente, a DC, mas
essa ideia é equivocada. O que faz a Casa das Ideias lograr êxito é um excelente trabalho de brand marketing, associado à mescla de todas
as concepções que fizeram sucesso em diversos blockbusters no passado, além, indubitavelmente, de contar com um elenco
estelar. E podemos
dizer que é um trabalho hercúleo, visto que fazer com que um filme seja adorado
tanto por crianças, adultos, idosos, ricos, pobres, burros e inteligentes não é
pra qualquer um. Talvez só pra Steven Spielberg e James Cameron, que são
verdadeiros monstros nesse quesito, o que nos leva a crer que é preciso juntar
um departamento inteiro pra arranhar a superfície desses caras.
Enquanto a
Warner/DC está na CTI e se mantém com ajuda de aparelhos, a Marvel nada a braçada, apesar de um vez ou outra nos entregar
resultados indigestos como Thor Mundo Sombrio e Homem de Ferro III. Lembro-me de
uma entrevista de 2012, em que o Chris Evans já falava que o primeiro Avengers
não tinha a menor pretensão de mudar a casinha tal qual The Dark Knight, filme
dirigido pelo britânico Christopher Nolan. O que me soa estranho, porque na
minha concepção o filme do Homem Morcego não zerou absolutamente nada, e sim pegou tudo o que tinha de bacana em produções policiais como Operação
França, Serpico e Perseguidor Implcável e acrescentou o Batman no meio.
Com o tempo,
Capitão América quis emular Três Dias de Condor, mas não esqueceu do principal:
é um filme de super-herói. É legal termos debates sociológicos e tal, não me
entendam mal. Mas o produto em si também foi feito pra entreter e é isso que
ele faz com êxito. Todavia, não se pode esperar um esmero tipico de um Superman do Richard Donner, então creio ser impossível emular aquela atmosfera magica, afinal é uma obra única (e meio datada pros padrões atuais). Então estou ciente das limitações dos filmes, até porque eles são feitos em escalas industriais apenas pra manter a marca ativa. E mesmo assim, estes conseguem nos dar resultados satisfatórios.
Bem, quanto ao Guerra Infinita: e daí que o filme tem um fiapo de roteiro? Um brutamontes vindo do espaço sideral pretende juntar as Joias do Infinito em sua Manopla do Poder tal qual Darkseid e sua obsessão pela Equação Antivida, e os nossos heróis precisam se reunir pra impedir o monstrengo de dominar o mundo e o universo, nem que isso custe suas próprias vidas. Sim, mais clichê impossível. Mas porra, é divertido pra caramba. A pancadaria, os diálogos, as piadas, o fato da galera toda estar reunida. Não poderia esperar algo a mais de uma produção nesse sentido. Se eles parassem toda hora a ação pra fazer alguma colocação filosófica juro que sairia do cinema e pediria meu dinheiro de volta!
Sem pretensões
de ser revolucionário ou apresentar algo de novo pra sétima arte, o mais novo
crossover da Marvel Studios tem intenção de entreter e
fazer com que o grande público se esqueça das complicações do cotidiano. São duas horas de surrealismo, piadas e outros sobressaltos de adrenalina. O bom disso tudo é que saímos renovados para o mundo que nos espera. O ruim é voltar pra realidade, medíocre diga-se passagem...
[ATUALIZAÇÃO]
[ATUALIZAÇÃO]
Depois de prometer a mim mesmo que iria passar longe dos cinemas até o hype passar, eis que no domingo (29 de Abril) resolvi assistir ao filme que não está deixando a juventude dormir e viver tamanho o impacto que o final proporciona aos expectadores. E devo dizer: a reação das pessoas é melhor que a produção em si. É engraçado ver um público acostumado com finais padrões com o mocinho triunfando sobre o vilão e sem nenhuma aparente consequência. Pelo visto essa época acabou na Marvel. O filme é uma espécie de Império Contra Ataca e já posso imaginar como o blockbuster do George Lucas foi compreendido pela audiência naquele período.
Muitos atalhos narrativos desnecessários, algumas piadas fora do tom (apesar de eficientes) e vilões em CGI que me fazem ter uma lembrança dolorosa do Lobo da Estepe. Mas apesar disso, são 2 horas e meia de pura ação que não deixa ninguém respirar. O Thanos, principal ameaça aqui, convence em suas motivações malthusianas, e começo a achar que ele é que tá correto (#Thanosmito2018). Apesar de perder tanto quanto os mocinhos, aqui nitidamente sai vitorioso em seus fins.
Outra coisa que gostei foi a distribuição dos núcleos para que os personagens tivessem mais relevância e tempo de tela. É bem legal ver o Homem de Ferro, Doutor Estranho, Homem Aranha e 4/6 dos Guardiões da Galáxia juntos e usando seus poderes para ajudar uns aos outros, enquanto Thor, Groot e Rocket Racoon partem em busca de um machado que pode destruir o mostrengo roxo. A trama "terrena" fica a cargo de Capitão América, Viúva Negra, Bucky, quase todo o elenco de Wakanda com o Rei T'Challa, Feiticeira Escarlate, Visão, Máquina de Combate, Falcão Negro e Bruce Banner, que tenta a todo custo se transformar em Huck e rende cenas hilárias com isso. Cada núcleo é responsável por uma missão e todos funcionam organicamente, respeitando a síntese dos heróis que nos foram apresentados em produções solos. Mas a pergunta que fica: onde foi parar o Gavião Arqueiro? E a Valquíria do Thor Ragnarok? Homem-Formiga estava em missão e se ausentou na batalha mais importante da terra? Só o tempo (ou a continuação) irá dizer... Em suma, tudo que eles prometeram mostrar cumpriram com louvor. Boa, Marvel!
Nota 8,0.